domingo, 17 de abril de 2011

O Cuidado e as práticas de Saúde


A contemporaneidade trouxe várias contribuições para o avanço científico e tecnológico, principalmente na área da saúde com o aprimoramento de profissionais, que utilizam das técnicas para o bem estar do humano. Mas é preciso pensar a forma que estas estão sendo colocadas em prática, uma vez que o profissional vai lidar com um indivíduo não apenas no campo biológico, mas também aspectos psicológicos, e sociais, pois o cuidado implica olhar o sujeito na sua totalidade. Com a tecnologia e a visão especialista perde-se o cuidado com o humano. Como conseqüência o profissional da saúde tem encontrado limitações para atender as necessidades do indivíduo, encontrando dificuldades em sua prática.
            Como uma forma de repensar as práticas de saúde tem surgido propostas para a sua reconstrução como, trabalhos que visam à integridade do sujeito, a promoção à saúde, a humanização e a vigilância a saúde.
“Uma tal reconstrução necessita, para sua realização, de esforços coletivos e pragmáticos, entendidos nos termos habermasianos de um processo público de interação entre diversas pretensões, exigências e condições de validade das diversas preposições e interesses de disputa”. (AYRES, 2004, p.18)

            Para tanto, é necessário que o profissional vá além da doença que esta sendo apresentada, e passe a integrar o indivíduo em vários contextos que se encontram, é preciso deixar essa visão técnica, comportamento mecanicista para que tenha uma visão mais ampla do sujeito que esta sendo colocado ali. Como Ayres (2004) relata no caso de D’Violeta, vários profissionais têm agido da mesma maneira, seguindo sempre a mesma prescrição, atender o paciente, entender os sintomas e prescrever uma receita, sem ter um diálogo mais amplo, procurando entender outros aspectos da sua vida, pois muitas vezes a causa da doença pode ir muito mais além do sintoma que esta sendo exposto. As relações que tem sido estabelecida têm gerado não apenas a insatisfação do paciente que sempre têm reclamado dos atendimentos, mas também dos profissionais que tem se deparado com várias críticas.
            O autor expõe a importância da interação entre paciente e médico, como ocorreu no caso da D’Violeta, em que o médico deixou de exercer um papel mecanicista que ele criará cotidianamente, passando a olhar não apenas a saúde, mas as dificuldades que D’Violeta enfretará em sua vida. Desta forma ele buscou a totalidade existencial estabelecendo uma relação terapêutica e de cuidado com a paciente. Essa relação o autor destaca ser o projeto de felicidade, que seria o que as pessoas querem e acham que deveria ser a saúde e a atenção a saúde, que muitas vezes o profissional não tem dado tanta importância. O autor não deixa de considerar a importância da técnica, mas que esta não seja a única sabedoria utilizada pelo profisisonal, fazendo com que o cuidado não seja reduzido a uma dimensão técnica.
            Pensar em cuidado não é apenas levar em consideração a doença, mas também pensar em como o paciente esta sendo acolhido e a escuta que esta sendo estabelecida. Como Ayres (2004) afima, “A esta capacidade de ascultura e diálogo tem sido relacionado um dispositivo tecnológico de destacada relevância nas propostas de humanização da saúde; o acolhimento”.
            Pois a partir da escuta é que acontecerá um efetivo acolhimento do paciente, entendo não como uma recepção, mas uma forma de entender o que se passa com o paciente, estabelecendo uma interação, ampliando a relação paciente e médica.
            Sendo assim, pensando nas práticas de cuidado faz com que necessariamente analizemos como os centros de saúde têm trabalhado em conjunto para o bem estar do paciente, dando a devida importância às questões que são fundamentais para a solução de problemas, não se atendo à apenas saberes técnicos, desprezando outros fatores da vida do indivíduo.


                                                                                                              Karine Cabral Félix

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Por um novo “CUIDADO”



Muito tem se falado nos últimos tempos sobre a humanização do atendimento a saúde, em especial no Sistema Único de Saúde (SUS). A humanização que se vincula ao processo de saúde e cuidado torna-se relevante, pois propõe a avaliação das técnicas que estão sendo utilizadas nas intervenções, sejam elas realizadas em consultórios, escolas, clínicas, com vistas a ampliar os modos de cuidar.
O presente texto tem o propósito de apresentar algumas reflexões acerca das noções de Cuidado, co-relacionando os textos: “O Cuidado, os modos de ser (do) humano e as práticas de saúde” de Ayres (2004) e “Gestão e Cuidado: notas introdutórias”. Sendo importante salientar que o Cuidado, de que tratamos se refere à atenção ao sujeito em sua totalidade, entendendo que este é perpassado por uma série fatores na ordem do histórico, sócio-cultural e ideológico. Deste modo, não é possível entender o humano, nas praticas de saúde, levando em conta apenas o sintoma. Portanto, não é possível ignorar os processos de subjetivação e processos psicossociais na constituição do ser humano.
Segundo Ayres (2004), o sistema de saúde oferece um atendimento convencional como uma forma rápida e tecnicista, no qual se estabelecem papéis.  Essa prática muitas vezes, ocorre por meio de interações médico-paciente do tipo “diga-me seu sintoma e lhe direi como proceder”. Por um lado, o profissional da saúde atinge em suas intervenções, situações previstas e controláveis, já do outro lado, o paciente espera a “cura” imediata já que é delegado ao médico este “poder”.
No relato de caso, Ayres (2004) nos apresenta uma história que envolvia exatamente esta situação. O médico tinha uma relação muito superficial com sua paciente que sofria de hipertensão, esse quadro não melhorava há algum tempo, pelo contrário, só piorava. E em um determinado dia, o médico estava cansado da situação que envolvia questões relacionadas com o stress, cansaço e mau humor da paciente e resolveu, meio sem querer, modificar a maneira de realizar o atendimento. Passando, então, a “escutar” a paciente além de seus sintomas físicos, permitindo uma liberdade de comunicação que possibilitou que sentisse segura para falar de si, de história de vida. Deste modo, desconstruindo tradicionais formas de intervenção médico/paciente.

O resultado desta intervenção foi uma melhora no quadro da paciente e um estreitamento na relação. Surge, a partir daí, o olhar diferenciado tão necessário quando se fala em humanização do atendimento e práticas de saúde. Humanização, em nosso em nosso saber, se refere ao respeito ao valores/modos de ser singular a cada sujeito. A Organização Mundial de Saúde (OMS) nos anos 70 definiu saúde como “estado de completo bem-estar físico, mental e social. Assim, Ayres (2004) afirma a saúde é uma forma complementação da felicidade do ser humano. Sendo que a busca à felicidade é inerente a qualquer sujeito.
Fato que trouxe modificação para a paciente retratada na pesquisa de Ayres (2004), é importante frisar que o médico pergunta para a paciente sobre a sua história de vida e sugestiona que a mesma, faça anotações de todo o percurso vivido por ela. O médico, utilizando um novo método de intervenção, a nova forma de Cuidar, toca na questão existencial da paciente, o que a proporcionou controle da hipertensão arterial. O que prova que o quadro (a doença) de D. Violeta vai além dos sintomas físicos. Nessa nova prática o profissional passou a considerar o humano por traz do prontuário.
Heidegger, conforme Ayres (2004), afirma que o ser humano é um ser lançado no mundo e em constante reconstrução de si mesmo e do todo em sua volta. Assim, relaciona o cuidado como parte deste “estar lançado” o “cuidar de si”.
“(...) Heidegger... convida a pensar o modo de ser dos humanos como uma continua concepção/realização de um projeto, a um só tempo determinando pelo contexto onde estão imersos, antes e para além de suas consciências, e aberto à capacidade de transcender essas contingências, e a partir delas e interagindo com elas, reconstruí-las. (AYRES, 2004, p. 21)

O cuidado é entendido como uma maneira de não apenas ver a doença e tratar o sintoma, mas de uma escuta e um diálogo, que alcançará novos direcionamentos no atendimento. Ocorrerá um cuidado, muito além do estabelecido, rompendo estigmas e preconceitos acerca do prontuário do paciente. Recuperar o sujeito e oferecê-lo proteção e acolhimento na promoção à saúde. Para tanto, este sujeito passa a ser assistido por métodos que contemplam o “ser humano” em sua totalidade. A partir de uma escuta flexível e dinâmica é possível um efetivo acolhimento seja nas praticas de saúde, seja em qualquer pratica que envolva os coletivos humanos. Acolhimento este, que servirá como alicerce de uma nova forma de atendimento – o atendimento interdisciplinar.  O Cuidado, portanto, deve ser um elemento sempre presente nas ações psi nos seus diferentes contextos de atuação nas práticas assistenciais. Cuidado que “tem sido usado na saúde pública como outro par da noção de gestão, ambas compondo a rede de atenção a saúde”. Assim, percebe-se uma indissociação destes dois processos – gestão e cuidado.
Para finalizar, entendemos que o diálogo deve ser ferramenta de uso permanente nas práticas de saúde. Saber falar, como falar e o momento de falar e impreterivelmente saber escutar além do que o outro fala. É preciso enxergar o paciente além de seu sintoma, compreendê-lo nos seus modos de ser no mundo. Ser que é perpassado por uma gama de fatores que não podem em momento algum ser ignorados em detrimento do que diz seu prontuário. É extremamente necessário que os diversos profissionais, sejam eles médicos, educadores, psicólogos e afins, re-signifiquem suas formas de intervenção e seus modos de “Cuidar” para que a “rede” , a integralidade e a humanização das práticas assistenciais se tornem efetivas.


Grupo: Cláudia Cirino, Eulália de Jesus, Fernanda Kevellin, Jaqueline Santos, Poliana Dantas.

Notícia importante!

Recebemos um e-mail divulgando esta proposta e apesar de não se relacionar com os textos anteriormente discutidos, esta notícia tem a ver com todos nós (futuros) psicólogos.



Psicólogos se mobilizam pela jornada de 30 horas

Senadora Marta Suplicy é designada relatora do PLC que dispõe sobre a jornada de 30 horas semanais para psicólogos .

No último dia 25 de março, a senadora Marta Suplicy foi designada relatora do PLC 150/09, que dispõe sobre a jornada máxima de trabalho dos psicólogos em 30 horas. A senadora, psicóloga formada pela PUC-SP, já havia manifestado, inclusive em sua campanha ao Senado, apoio ao projeto. Os psicólogos podem participar desta mobilização, encaminhando manifesto aos senadores

O Conselho Federal de Psicologia, em conjunto com a Federação Nacional dos Psicólogos - Fenapsi, elaborou um manifesto pela redução da jornada de trabalho dos profissionais da Psicologia para 30 horas semanais. O documento será encaminhado aos deputados e senadores pela aprovação de projetos de lei que garantam condições adequadas de trabalho aos psicólogos.
O Sindicato dos Psicólogos de Minas Gerais - PSIND-MG apóia essa grande iniciativa da FENAPSI e do CFP que vem ao encontro dos anseios dos psicólogos e convida a categoria a tomar parte nesta mobilização, assinando o Manifesto e divulgando-o para sua rede de contatos.
Vamos lutar pela aprovação desse Projeto  que dispõe sobre a jornada máxima de trabalho dos psicólogos em 30 horas semanais, sem redução salarial.
 Os links para acessar os arquivos vêm a seguir. Os dois manifestos têm conteúdo igual. Confira:

Para os Senadores:


Para os Deputados Federais:


SINDICATO DOS PSICOLOGOS DE MINAS GERAIS
A DIRETORIA

 


Postado pelo grupo: Andreza, Ariane, Karine, Lidiane e Renata

Ampliando o conceito de cuidado

        Para alcançar uma noção mais completa de cuidado, os profissionais da área de saúde, devem se preocupar em ir além do que Ayres (2004) chama de normalidade morfofuncional, pois o ser humano não é somente biológico. Há um sujeito por trás das doenças que se apresentam nos consultórios. Muitas vezes alguns psicólogos também se preocupam muito mais com as patologias do indivíduo, e não consideram o sujeito que se apresenta para ele, tratando-o dentro de modelos pré-estabelecidos, como se o ser humano não fosse passível de mudanças. O contexto no qual ocorre situações nas quais o indivíduo necessita de cuidado, é um contexto coletivo. Cuidar implica ver esse sujeito na sua individualidade, com o seu adoecimento que é fato, é uma construção histórica e também socialmente configurada. . É necessário que se vá além da doença em si e considera os outros contextos de interação nos quais ela emerge.
            O autor salienta a importância de se buscar a totalidade existencial que permita dar significados e sentido não apenas à saúde, mas ao próprio projeto de vida do indivíduo. Ainda que a técnica seja essencial, segundo Ayres (2004), a sabedoria prática também deve ser posta em ação. Ao se considerar que esta tem origem na práxis, podemos nos perguntar como alguns profissionais que não exercem este tipo de sabedoria podem continuar por tanto tempo na profissão exercendo-a de maneira puramente técnica.
            Fica explícito no caso da D. Violeta que quando a dimensão de cuidado é ampliada para além do orgânico, passa haver realmente “encontros”, como o próprio autor coloca, entre médico e paciente. Ou seja, quando D. Violeta se sente acolhida como um todo, não só seus aspectos orgânicos disfuncionais estão sendo considerados, mas sua história de vida como pessoa que como toda que é para além do biológico.
            O texto de referência questiona como alguns profissionais da saúde, mais especificamente os médicos, não se preocupam com o projeto de felicidade de seus pacientes. Mas também deveríamos nos perguntar como alguns psicólogos, que pensa-se ser uma profissão em que o cuidado é intrínseco, estão exercendo o cuidado. Ayres (2004) evidencia que o cuidado deve ser uma atitude terapêutica que busque o sentido existencial do indivíduo, e nem sempre esta prática é alcançada, uma vez que alguns psicólogos acabam por rotular os indivíduos, tentando enquadrá-los em algumas pré-determinações. Não se deve, em nenhuma profissão que lide com seres humanos, desconsiderar o fato de que eles têm projetos e que estes não se esgotam devido à doenças ou a quaisquer motivos que se apresentem. Deveríamos sempre como bons profissionais, buscar resgatar isto em cada sujeito, desta forma estaríamos não só exercendo o cuidado como também promovendo a saúde.
            Esta discussão nos fez recordar um caso contado por uma professora nossa, e que dizia de uma experiencia vivida por ela. Por sentir dores no joelho, ela procurou um médico ortopedista para consultar, uma vez que acreditava ser este o especialista capaz de ajudá-la. O médico então faz uma ligação para outro colega, pois de acordo com ele seria  o mais  indicado para tratar dores específicas de joelho, e diz na presença da paciente: “estou encaminhando um joelho para você”. A professora indignada sai do consultório dizendo “ fala com ele que o joelho vai embora”.Quantas vezes já não passamos por essa situação? Independente de ser público ou privado, nos deparamos com momentos  em que somos tratados apenas como joelhos, pés, barrigas... patologias. A falta de um olhar que supere a consideração puramente física, sem perceber toda a complexidade do ser humano, faz com que não nos sintamos acolhidos, trazendo desconforto e descrença nos profissionais e suas técnicas. Sabemos que as técnicas são de suma importância, mas que só elas não são suficientes.
            Não é só com os médicos que ocorrem isso, mas também com os profissionais psicólogos, que muitas vezes apenas encaixam os indivíduos nas estruturas “psicótico, neurótico, perverso”. Não que essas estruturas devam ser desconsideradas , mas devemos estar atentos ao sujeito que está ali e que é muito mais que uma estrutura mental.
            É importante que a noção de cuidado seja abrangida para além das técnicas, para que até essas mesmas se mostrem mais eficientes, pois quando se cuida do todo aumenta a chance de ocorrer maior eficácia nos tratamentos, além do fato de que  o outro também se  sentirá valorizado em sua complexidade humana. Precisamos observar quais valores, saberes e instrumentos podem ser utilizados para agirmos da melhor maneira possível nestas situações.
            Construir  o Cuidado é portanto, investigar sobre as raízes e significados sociais do adoecimento em sua condição de obstáculos, articulados com iniciativas teóricas e práticas que vinculem os cuidados individuais na dimensão coletiva. É assim que pensamos ser possível construir uma verdadeira relação de cuidado.


Texto postado pelo grupo: Andreza, Ariane, Lidiane e Renata

quinta-feira, 14 de abril de 2011

PENSANDO, REFLETINDO, DELIRANDO ENTRE OUTROS...

A principio para discutirmos a questão da humanização da atenção à saúde, trazida Ayres, 2004, e fazermos alguns apontamentos, julgamos interessante que se entenda melhor o que estamos considerando ser esta proposta. A humanização está em pauta desde a XI Conferência Nacional de Saúde, CNS (2000), que tinha como título “Acesso, qualidade e humanização na atenção à saúde com controle social”. Nesta perspectiva acompanham-se inúmeras discussões acerca do tema, algumas bastante calorosas, outras nem tanto e algumas bastante empobrecidas. Sendo assim é bom que fique claro que na presente discussão, a humanização à saúde está de acordo com o comentário de Gastão Wagner de Sousa Campos, 2005, acerca de um artigo de Regina Benevides e Eduardo Passos, 2005. Assim temos que:
A humanização depende ainda de mudanças das pessoas, da ênfase em valores ligados à defesa da vida, na possibilidade de ampliação do grau de desalienação e de transformar o trabalho em processo criativo e prazeroso. A reforma da atenção no sentido de facilitar a construção de vínculos entre equipes e usuários, bem como no de explicitar com clareza a responsabilidade sanitária são instrumentos poderosos para mudança. Na realidade, a construção de organizações que estimulem os operadores a considerar que lidam com outras pessoas durante todo o tempo, e que estas pessoas, como eles próprios, têm interesses e desejos com os quais se deve compor é um caminho forte para se construir um novo modo de convivência. (CAMPOS, 2005, p. 400).

Agora sim, vamos a um apontamento que gostaríamos de discutir, quando Campos,2005, diz: “...os operadores a considerar que lidam com outras pessoas durante todo o tempo, e que estas pessoas, como eles próprios, têm interesses e desejos...”, está assinalando o mesmo insight que Ayres, 2004, teve ao se questionar acerca do “conceito ontológico de cuidado (Sorge), de Heidegger, em suas relações com os modos de ser (do) humano”. E é este talvez o ponto auto das discussões acerca da atenção à saúde na contemporaneidade. Mas ainda assim sentimos que algo escapa a esta preocupação que é extremamente válida e necessária. O cuidado, a visão da humanização, da integralidade direcionada a saúde do operador de saúde.
 É importante considerar que a atenção primária à saúde também se faz com a ajuda dos profissionais, que também são humanos e também adoecem. Talvez esta seja uma lembrança simples ou insignificante para alguns, mas neste momento inquieta algumas cabeças pensantes. Quando no relato do texto de Ayres, 2004, ele diz: “Já era final de uma exaustiva manhã de atendimento no Setor de Atenção à Saúde de Adulto da unidade básica.”. De algum modo isto diz de uma sobrecarga de um cansaço. De profissionais que já estão prontos para descansar, mas ainda há muito trabalho a se fazer. Neste ponto esbarramos em um pequeno detalhe a subjetividade, a vida pessoal do profissional da atenção primária. Então por fim questionamos como está o cuidado, o zelo, a preocupação com a saúde de quem é convidado o tempo todo a se implicar e olhar de forma mais humanitária para a saúde de milhares de usuários com os quais se encontram no ritmo corrido do dia-a-dia? Conforme o texto de Ayres não há dúvidas de que a mudança de postura por parte do operador de saúde repercute positivamente na saúde do usuário. Mas será que se apertarmos um pouquinho nos moldes de gestão do serviço seria possível ampliar também, as noções de cuidado com o profissional da atenção primária?  Fica a proposta de discussão e convite para compartilharem dos nossos devaneios...

PENSANDO, REFLETINDO, DELIRANDO ENTRE OUTROS...

Pensando nas práticas de assistência a saúde nos dias atuais uma grande discussão se levanta em torno de que cuidado é esse que está sendo ofertado à população enquanto um todo. Muitas vezes, dentro dessa prática a dimensão do sujeito tem sido desconsiderada no seu sofrimento biológico. O ser biopsicossocial tem sido na verdade dissociado e visto como um ser atravessado por questões isoladas. Ou seu sofrimento é biológico ou é psíquico e na maioria das vezes, o que se percebe é uma atenção voltada para um sujeito que parece ter esses fatores separados um do outro.
Com isso a dimensão do cuidado com o sujeito e da humanização nos processos de atendimento parecem ser desvalorizadas. Como se pode confirmar na leitura do texto base, a simples presença de um saber prático torna um atendimento ou mesmo intervenção uma forma de CUIDADO, uma forma de humanizar as relações indivíduo/práticas de saúde. No entanto, muitas vezes essas práticas não são adotadas pelos profissionais da saúde.
Percebe-se que essa dimensão do cuidado, da atenção voltada para o sujeito precisa ser ponderada. As pessoas estão cada vez mais vulneráveis; São situações de estresse, depressão, fobias, transtornos mentais, pressão alta, e doenças das mais diversas ordens. O desenvolvimento capitalista e seu movimento acelerado têm comprometido cada vez mais a saúde das pessoas. Tudo hoje em dia tem se tornado prático e substancial. Até mesmo as relações sujeito/sujeito. A essência dessas relações interpessoais têm se perdido em meio a tantas mudanças e revoluções advindas das novas relações surgidas entre as pessoas. Hoje em dia as pessoas não têm tempo para dar atenção, não têm tempo para conversar, não têm tempo para fazer nada. E com isso, o sujeito vai perdendo espaço, referência e lugar, dentro de suas próprias relações interpessoais.
Reportando-se ao texto base, pode-se esmiuçar como a relação dialógica ainda é a condição básica de inflexibilizar as relações hoje tidas como superficiais. Como afirma Ayres, 2004, p.23: “Poder ouvir e fazer-se ouvir, são pólos indissociáveis de qualquer legítimo diálogo”. O autor ainda diz que: “A abertura a esse autêntico interesse em ouvir o outro... é que tornou possível ao profissional ouvir-se a si mesmo e fazer-se ouvir, não se conformando ao papel exclusivo de porta voz da discursividade tecnocientífica. Esse diálogo leva-nos a pensar na discussão que Balman trava quando teoriza acerca do amor líquido, ainda que sua teoria esteja mais voltada para as relações de amor entre os sujeitos. Chiconini (2010), citando Balman afirma que,

De acordo com Bauman (2004), o modo capitalista e seu crescente apelo consumista se refletem na maneira como nos relacionamos uns com os outros, isto é, nos relacionamos com nós mesmos e com o outro de forma superficial, frágil, instantânea e descartável.

Podemos refletir sobre esses apontamentos trazidos na teoria de Balman para refletir sobre o modo de funcionamento da sociedade, nos dias de hoje e as conseqüências advindas desse modo de funcionamento.
Outro aspecto importante a ser levantado aqui, é pensar na forma de diálogo e de escuta desse profissional para com o sujeito. Como o próprio texto base aponta, não é a escuta propriamente dita que vai promover a diferença, mas sim a maneira, a qualificação dessa escuta. Acredita-se que para além de pensar no problema daquele sujeito, ou mesmo de tentar diagnosticar qual o seu sofrimento naquele momento e qual o medicamento a ser prescrito afim de estagnar o problema imediatamente, deve-se se atentar para o que está para além da queixa desse sujeito. Muitas vezes o sofrimento do sujeito está vindo de outra ordem que não só do biológico e na maioria das vezes isso não é percebido.
Enfim, reflete-se que envolto a todos esses apontamentos, demanda-se do profissional para com o sujeito e mesmo ao contrário, do sujeito para com o profissional, uma relação de inter-subjetividade, de acolhimento, de responsabilidade. Demanda-se o cuidado, a humanização dessas práticas.
Olá a tod@s. Então pessoas... As discussões e reflexões sobre o cuidado, a promoção e atenção em saúde, o processo de humanização, entre outros conceitos e perspectivas, foram tão intensas que gerou vários filhotes... Assim postaremos por partes os nossos textos e vocês poderão ver a nossa ninhada...
Grupo das I´s (Elaine Tavares, Josiane Ávila, Kenya Raphaela, Michele de Cássia e Wanessa Mara)

PENSANDO, REFLETINDO, DELIRANDO ENTRE OUTROS...
Uma breve reflexão acerca da nova maneira de abordar o cuidado na perspectiva dos serviços de saúde, mas com o foco central nos aspectos que envolvem a promoção e atenção à saúde.
Na tentativa de compreender o contexto atual das práticas de saúde, busca-se atentamente por uma argumentação que configure a importância da gestão e do cuidado nas relações humanas. Desse modo espera-se que se tenha uma visão mais humanizadora, ou seja, em que a organização e os processos de acolhimento do ser humano, sejam percebidos numa dimensão mais ampliada e digna no que tange a promoção da saúde de modo mais universal.
Desse modo é relevante falar sobre as práticas de saúde que vem sendo adotadas nos atendimentos prestados à população, que nem sempre atingem os níveis de eficácia e de satisfação esperados. Talvez, essa resposta esteja exatamente relacionada às práticas tão comumente utilizadas pelos setores e profissionais de saúde. Que trata de um modo geral, o sujeito como alguém desprovido de conhecimento intelectual suficiente para argumentar sobre o seu próprio sintoma.
 Ao passo de considerar que os conhecimentos científicos e tecnológicos superam o saber popular. E consequentemente acontece à desintegração e o distanciamento e a prevalência de apenas um único saber em detrimento do outro.
Então, é fundamental que se faça apontamentos sobre o cenário atual, onde, o conceito com o cuidar humano, serão “palco” de grandes discussões e reavaliações acerca das práticas pré- determinadas utilizadas na atenção primária de saúde.
Surge assim o interesse e a necessidade de propor uma visão mais integradora nos atendimentos ao indivíduo e às pessoas de um modo geral. Com o intuito de apontar o quanto seria benéfico à interação entre os profissionais de saúde e as pessoas que utilizam desses serviços, favorecendo e construindo um ambiente saudável que compartilha da qualidade e do bem- estar nos encontros nas unidades de saúde. Deste modo, compreende-se uma nova forma de considerar nos encontros clínicos aspectos relacionados ao subjetivo e ao coletivo humano.
Ao ler as contribuições trazidas por Ayres (2004), onde o autor relata o momento de mais um dia de atendimento clínico em uma instituição de saúde. No qual, seria mais um dia igual aos tantos outros já somados a sua experiência profissional. Isto é, Ayres (2004) atenderia o doente, mais somente na perspectiva do sintoma e da medicalização.
Pórem naquele momento o profissional percebeu que ele poderia fazer daquele encontro médico/paciente diferente dos outros já automatizados por ele. O profissional pensou em adotar uma proposta inovadora de ressignificação ao seu trabalho.
Ao ponto de considerar o sujeito enquanto ser que apresenta queixas, manifestações de ordem “palpavéis” e outras que só serão percebidas e acessadas quando se dá a oportunidade da fala e da escuta.
 Nesse contexto de mudança Ayres (2004), decide alterar o rumo daquele atendimento. E a partir de então, o médico muda sua forma de atender, não olhando somente para a doença da paciente e sim para outras “feridas” já abertas pela vida. Que, portanto, estava para além daquela doença já diagnosticada.
Quando o profissional amplia seu olhar e passa a ver o paciente numa dimensão mais subjetiva, humana, outros modos de cuidar passam a ser valorizados e priorizados nos atendimentos. Sabemos que as práticas de saúde de hoje em sua grande maioria não abordam os dilemas humanos sob a égide da singularidade.
 Sendo assim, utilizam da objetividade dos conhecimentos empirícos que supervalorizam as técnicas, as tecnologias avançadas que dão grande suporte aos atendimentos clínicos. Assim, distanciam-se as informações sobre a realidade de vida do sujeito em detrimento de um saber maior, pautado pelo discurso paradigmático cartesiano.
É importante ressaltar que se fazem necessárias mudanças urgentes nas ações práticas de saúde que envolve a gestão e o cuidado.
Por isso, essas mudanças devem ser adotadas no sentido de considerar que o humano é um ser intersubjetivo que se relaciona com o mundo social, que é múltiplo que é diverso. Desse modo fica muito complicado naturalizar, homogeinizar seus dilemas, seus desejos tanto na ordem da doênça quanto na ordem de suas experiências.
Cada sujeito tem uma maneira muito própria de ver e interpretar situações que estão relacionadas com a sua vida cotidiana. Nessa interpretação está inserida a história de vida da pessoa, que vão desde os processos de aprendizados mais simples aos mais complexos. E automaticamente os significados percebidos sobre as reais necessidades de saúde, estarão compreendidos na concepçao de vida que cada sujeito tem. Daí o grande erro de tentar “igualar” e naturalizar as necessidades humanas.
O espaço dialógico são espaços de transformação tanto individuais quanto coletivos. Pois se abre a possibilidade da comunicação pela via da fala, da linguagem onde a pessoa pode expressar seu ponto de vista, e assim trazer impressões e valores de mundo dela. Quando a fala toma a dimensão coletiva, do mesmo modo, há abertura para se construir juntos uma nova percepção frente às práticas de saúde, potencializando as ações e participações de sujeitos ativos e implicados com os processos de construção e integralização do cuidado.
Contudo, as práticas atuais relacionadas à saúde primária estão sendo repensadas em função de que o contato entre os profissionais de saúde e quem utiliza desses serviços, tem que acontecer necessariamente dentro de uma dimensão dialógica. Em que aspectos internos e externos da vida do sujeito sejam considerados na abordagem clínica.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

"Compartilhando Leituras e curiosidades"

Olá pessoal,
 Aproveitando a discussão que tivemos hoje em sala acerca das relações terapêuticas no sentido de gerar bem estar, fazer com que o outro se sinta realmente encontrado e acolhido aproveito para compartilhar com vocês uma matéria que li no jornal ConSaúde do Conselho Municipal de Saúde de Belo Horizonte (CMSBH).
Trata-se de um exemplo que para mim sintetiza muitos dos conceitos que discutimos: humanização, cuidado, interação, integração entre outros. É o seguinte a matéria é da Luciana Marazzi e do Diego Santiago, chama-se Profissão Doula Comunitária. Está matéria conta de práticas em saúde realizadas por voluntárias no Hospital Maternidade Sofia Feldman. Trata-se de senhoras, geralmente já aposentadas, que vão ao hospital e acompanham as mulheres durante o trabalho de parto, dando apoio físico e emocional. Segundo a Marazzi e Santiago, 2011, “doula é uma palavra de origem grega, que quer dizer mulher que serve. A doula é uma voluntária da comunidade. Sua função é diferente das tarefas desempenhadas pela equipe do hospital. A doula é uma mulher com o dom natural, com a capacidade de promover segurança e tranquilidade.”. Conforme o depoimento de uma senhora doula no Sofia podemos ver o caráter terapêutico que se estabelece nesta relação, identificamos noções de cuidado e também sentimos que a humanização dos serviços de saúde não é utópica. Dona Maria Mazarelo possui 75 anos e é doula há 13 anos. Diz que se emociona e lhe faz muito bem exercer esse serviço. “Fico ali ajudando aquela mulher e consigo amá-la como se ela fosse alguém da minha família até sinto falta quando termina.” (Fala de D. Mazarelo). Então gente fica a informação a título reflexivo. Achei tão bacana, é algo em certa medida simples, porém completo e tão amplo ao mesmo tempo. Por fim percebo que isto também é atenção à saúde.

Abraços a tod@s, até mais.  Wanessa Mara.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Gestão e Cuidado

Texto construído por Débora Franco, Diego Silva, Elisabeth Rodrigues, Juliana Bretas, Kenya Aline e Vanessa Paes.          
            Há algum tempo palavras como Gestão e Cuidado, ressurgiram como uma fênix das cinzas, levantando poeira e as traças dos dicionários, que quase sempre são colocados em estantes e raramente utilizados, para encontrar um espaço de importância nos veículos de informação maiores e menores jornais, revistas, rádios, TVs e internet, que a muito somente desinformam.
            Sim senhor! Em um mundo em constante processo de globalização é quase uma utopia acreditar que vamos sair de casa ou utilizar um veículo de comunicação sem ver, ouvir ou dizer estas palavras: Gestão e Cuidado. Portanto, pretendemos traçar paralelos e até mesmo diagonais, na medida do possível, mesmo estas sendo bem simplórias, sobre o uso destas palavras/conceitos e as práticas destas nas relações humanas.
            Podemos dizer que estes conceitos são altamente ditos, repetidos vinculados a propagandas e programas publicitários, devido ao processo de globalização político-econômico e cultural. Conclusão que chega a ser redundante. O ponto de discussão que fizemos é que estes conceitos estão sendo de fato discutidos, ou meramente vinculados as mídias e simplesmente colocados garganta abaixo da população. Será que Gestão e Cuidado não tem sido mais um discurso liberal que se sustenta apenas na teoria e que não toca práxis.
             No processo de globalização de uma sociedade político-econômica e cultural neoliberal-capitalista, aonde há briga e dificuldades de sobrevivência biológica, psíquica e econômica, das pessoas, grupos, empresas, países e continentes, aumentam em progressão geométrica, melhor aumentam na mesma intensidade do aumento da poluição, da pobreza, produção de miseráveis, e patologias individuais que por sua vez são reflexos de processos de subjetivação do mundo. Conceber uma mulher, homem, pai, filho, estudante, empresário ou gestor, que não tenha conhecimentos de gestão e cuidado de seus recursos, dos instrumentos, intelecto e até mesmos afetos mesmo que estes não sejam totalmente científicos; Tem se tornado quase impossível sobreviver transformando os conhecimentos de gestão e qualidade do cuidado na ultima bolacha do pacote.
            Fato que explica a inúmeras propagandas de cursos, mini-cursos, pós-graduações e graduações que oferecem conhecimentos de gestão pessoas, gestão hospitalar, gestão saúde, gestão educacional entre outros conhecimentos.  Faça enfermagem, medicina, psicologia, assistência social, conosco somos a única instituição no mercado de trabalho que de fato pensa no cuidado. Mas como aprendemos com amigo “menos de cinqüenta por cento da linguagem é para se comunicar, serve apenas para influenciar e manipular.” (Carpinejar) será que estas palavras/conceitos têm sido discutidas, difundidas e praticadas como o marketing, empresas, estabelecimentos de ensino e mídia se referem.
            Ao assistirmos programas como homens de negocio, grandes empresas pequenos negócios, revisarmos literaturas como gestão de pessoas, técnicas de administração e resultados dos relatórios da OMC, OMS e ONU, BIRD do FMI: temos absoluta convicção que da existência de uma gestão com cuidado e um cuidado gestor. Que tem como princípio a soluções para o mundo e não os lucros e interesses particulares, fazendo da responsabilidade social seja a marca registrada das praticas gerenciais, uso consciente de recursos ambientais, minerais, matérias e humanos, olhar humano. As intervenções de saúde são publicas e de qualidade para todos, ha prevenção e educação.
            Revestem com uma áurea dourada e linda um novo conceito de gestão que podemos definir como previsão, organização, coordenação, comando e controle visando obtenção dos objetivos da melhor maneira possível e principalmente tendo um cuidado com pessoas, meios e mundos, como um conhecimento de outro mundo que tornará tudo melhor, sem contradições em receitas quase que mágicas, esquecendo dos fatores alienantes das profissões e dos processos gestores em si.
            O cuidado na teoria e na mídia é algo que há muito transcendeu a aquela concepção do dicionário que o traz apenas como: atenção especial, ou precaução, cautela, prudência, responsabilidade, incumbência, zelo, desvelo e dedicação entre outras, vinculando empresas e seus profissionais como cuidadores-gestores que todos os males estão e estarão resolvidos.
            Quando se analisa a situação olhando para um lado pratico que se sustenta na realidade  vivida, sentida, percebida, se checa a quantidade de doenças desenvolvidas nos trabalhos ou pelos trabalhos exercidos, checa a quantidade de diagnósticos de depressão, de estressados que vagam pela cidade a beira do surto, reclamações em relação ao ambiente de trabalho, a praticas hospitalares, ao novo modelo escolar, entre outras. Percebemos que embora estes processos possam está se instituindo em determinados contextos, lugares e pensares diferentes, a muito a ser feito e as coisa são um pouco diferente do tem sido vinculado pelos veículos comunicação, empresas e o próprio estado; podemos perceber que embora tenha havido utilização dos conhecimentos da gestão, na econômica via protocolo de Washington e outras medidas econômicas neoliberais ocidentais estas praticas levaram varias economias a falência na America do Sul (Equador, Bolívia, Argentina, Uruguai), todo continente africano e até mesmo alguns países da Europa como Portugal e Grécia. (para maiores informações Documentário: Um encontro com Milton Santos, Globalização vista do lado de Cá e do lado de Lá).
            Na utilização dos recursos públicos seguindo o novo panorama da gestão em grandes partes do mundo tem favorecendo uma nova organização do trabalho, das relações humanas e das instituições cada vez mais neoliberal e menos social que tem levado em muitos casos agravamentos das desigualdades econômicas e sociais, mesmo onde ocorreu o aumento das riquezas o fruto não foi repartido com a maioria dos cidadãos.
            Assim sendo, por meio destas mal traçadas linhas o grupo esforçar-se no intuito de convocar o mundo, as ciências humanas, exatas, biológicas, senso comum, a filosofia e religião para pensar novos modelos de processo de cuidado e gestão, sim é justo, necessário e ecumênico, demonstra nossa preocupação, seriedade e até mesmo um espírito humano a cerca do rumo da humanidade. Não estamos negando progressos obtidos nesta área como algumas gestões mais humanas e melhorais na saúde e educação de alguns países, mas ainda pouco há uma imensa “diferença entre o que se pensa e o que se faz que nos colocar em rota de colisão,” (Genssiger) é de extrema importância que se pense em gestão e cuidado de forma integrada e mais ampla que o habitual pode ser extremamente benéfico para a população mundial; sem esquecer de zelar pelo uso destes conceitos. 
            Por um cuidado como HUMANO AYRES, JOSÉ RICARDO DE CARVALHO MESQUISTA “Cuidado como designação de uma atenção à saúde imediatamente interessada no sentido existencial da experiência do adoecimento, físico ou mental, e, por conseguinte, também das práticas de promoção, proteção ou recuperação da saúde.” (AYRES, JOSÉ RICARDO DE CARVALHO MESQUISTA) e uma Gestão, que preveja planeje, pense, avalie e controle para objetivos comuns.  
            Venha construir conosco!!!


terça-feira, 5 de abril de 2011

Gestão e Cuidado

Texto construído por Claudia Cirino, Eulália e Fernanda Kevellin

Nosso senso comum nos obrigou, inicialmente, a pensar no termo gestão como algo ligado a organização, gerenciamento. Quanto ao termo cuidado, estaria ligado a saúde, bem-estar, à preocupação com individuo. Contudo, Como já foi dito anteriormente pelos outros grupos, gestão e cuidado são conceitos distintos, mas que se atravessam e se articulam. A gestão se refere ao gerenciamento das diversas instituições e seus processos de subjetividade. Já o cuidado está voltado para os processos psicossociais do individuo.
Pode-se dizer que os processos de subjetivação são as diversas maneiras que cada indivíduo tem e fazem ao se relacionarem com o mundo. Os fenômenos sociais têm para cada um uma significação, um jeito peculiar de “interpretar o mundo”. Já os processos psicossociais são relacionados às interações sociais, que por sua vez estão ligados direta e indiretamente nos processos de subjetivação.
É perceptível o quanto esses conceitos se completam, pois a gestão está presente em todos os momentos de nossas vidas, desde a organização de nossa casa/família até administração de uma grande empresa. Por isto, é essencial que o cuidado esteja de certa forma, acompanhando essa gestão para que a subjetividade do outro seja preservada.
No curso de psicologia, os conceitos de gestão e cuidado são inerentes às disciplinas de Gestão de Pessoas; Teoria dos Processos Grupais; Psicologia Institucional; Psicologia Social; Psicologia Ciência e Profissão; Psicologia do trabalho e das organizações; Psicopatologia; TEAP I e II; Teoria da criança e do adolescente, Teoria Humanista, no entanto, sem aprofundar nestes conceitos.
Os estágios curriculares tem nos propiciado um contato direto com prática, facilitando a “internalização” do que é gestão e cuidado nos campos de atuação da psicologia. Dessa forma, compreende-se que um bom psicólogo precisa saber equilibrar as duas coisas, pois está o tempo todo lidando com a imprevisibilidade humana. Muito mais que racionalizar, otimizar e/ou aperfeiçoar o funcionamento das organizações, para gerir é preciso saber cuidar.