quinta-feira, 14 de abril de 2011

Olá a tod@s. Então pessoas... As discussões e reflexões sobre o cuidado, a promoção e atenção em saúde, o processo de humanização, entre outros conceitos e perspectivas, foram tão intensas que gerou vários filhotes... Assim postaremos por partes os nossos textos e vocês poderão ver a nossa ninhada...
Grupo das I´s (Elaine Tavares, Josiane Ávila, Kenya Raphaela, Michele de Cássia e Wanessa Mara)

PENSANDO, REFLETINDO, DELIRANDO ENTRE OUTROS...
Uma breve reflexão acerca da nova maneira de abordar o cuidado na perspectiva dos serviços de saúde, mas com o foco central nos aspectos que envolvem a promoção e atenção à saúde.
Na tentativa de compreender o contexto atual das práticas de saúde, busca-se atentamente por uma argumentação que configure a importância da gestão e do cuidado nas relações humanas. Desse modo espera-se que se tenha uma visão mais humanizadora, ou seja, em que a organização e os processos de acolhimento do ser humano, sejam percebidos numa dimensão mais ampliada e digna no que tange a promoção da saúde de modo mais universal.
Desse modo é relevante falar sobre as práticas de saúde que vem sendo adotadas nos atendimentos prestados à população, que nem sempre atingem os níveis de eficácia e de satisfação esperados. Talvez, essa resposta esteja exatamente relacionada às práticas tão comumente utilizadas pelos setores e profissionais de saúde. Que trata de um modo geral, o sujeito como alguém desprovido de conhecimento intelectual suficiente para argumentar sobre o seu próprio sintoma.
 Ao passo de considerar que os conhecimentos científicos e tecnológicos superam o saber popular. E consequentemente acontece à desintegração e o distanciamento e a prevalência de apenas um único saber em detrimento do outro.
Então, é fundamental que se faça apontamentos sobre o cenário atual, onde, o conceito com o cuidar humano, serão “palco” de grandes discussões e reavaliações acerca das práticas pré- determinadas utilizadas na atenção primária de saúde.
Surge assim o interesse e a necessidade de propor uma visão mais integradora nos atendimentos ao indivíduo e às pessoas de um modo geral. Com o intuito de apontar o quanto seria benéfico à interação entre os profissionais de saúde e as pessoas que utilizam desses serviços, favorecendo e construindo um ambiente saudável que compartilha da qualidade e do bem- estar nos encontros nas unidades de saúde. Deste modo, compreende-se uma nova forma de considerar nos encontros clínicos aspectos relacionados ao subjetivo e ao coletivo humano.
Ao ler as contribuições trazidas por Ayres (2004), onde o autor relata o momento de mais um dia de atendimento clínico em uma instituição de saúde. No qual, seria mais um dia igual aos tantos outros já somados a sua experiência profissional. Isto é, Ayres (2004) atenderia o doente, mais somente na perspectiva do sintoma e da medicalização.
Pórem naquele momento o profissional percebeu que ele poderia fazer daquele encontro médico/paciente diferente dos outros já automatizados por ele. O profissional pensou em adotar uma proposta inovadora de ressignificação ao seu trabalho.
Ao ponto de considerar o sujeito enquanto ser que apresenta queixas, manifestações de ordem “palpavéis” e outras que só serão percebidas e acessadas quando se dá a oportunidade da fala e da escuta.
 Nesse contexto de mudança Ayres (2004), decide alterar o rumo daquele atendimento. E a partir de então, o médico muda sua forma de atender, não olhando somente para a doença da paciente e sim para outras “feridas” já abertas pela vida. Que, portanto, estava para além daquela doença já diagnosticada.
Quando o profissional amplia seu olhar e passa a ver o paciente numa dimensão mais subjetiva, humana, outros modos de cuidar passam a ser valorizados e priorizados nos atendimentos. Sabemos que as práticas de saúde de hoje em sua grande maioria não abordam os dilemas humanos sob a égide da singularidade.
 Sendo assim, utilizam da objetividade dos conhecimentos empirícos que supervalorizam as técnicas, as tecnologias avançadas que dão grande suporte aos atendimentos clínicos. Assim, distanciam-se as informações sobre a realidade de vida do sujeito em detrimento de um saber maior, pautado pelo discurso paradigmático cartesiano.
É importante ressaltar que se fazem necessárias mudanças urgentes nas ações práticas de saúde que envolve a gestão e o cuidado.
Por isso, essas mudanças devem ser adotadas no sentido de considerar que o humano é um ser intersubjetivo que se relaciona com o mundo social, que é múltiplo que é diverso. Desse modo fica muito complicado naturalizar, homogeinizar seus dilemas, seus desejos tanto na ordem da doênça quanto na ordem de suas experiências.
Cada sujeito tem uma maneira muito própria de ver e interpretar situações que estão relacionadas com a sua vida cotidiana. Nessa interpretação está inserida a história de vida da pessoa, que vão desde os processos de aprendizados mais simples aos mais complexos. E automaticamente os significados percebidos sobre as reais necessidades de saúde, estarão compreendidos na concepçao de vida que cada sujeito tem. Daí o grande erro de tentar “igualar” e naturalizar as necessidades humanas.
O espaço dialógico são espaços de transformação tanto individuais quanto coletivos. Pois se abre a possibilidade da comunicação pela via da fala, da linguagem onde a pessoa pode expressar seu ponto de vista, e assim trazer impressões e valores de mundo dela. Quando a fala toma a dimensão coletiva, do mesmo modo, há abertura para se construir juntos uma nova percepção frente às práticas de saúde, potencializando as ações e participações de sujeitos ativos e implicados com os processos de construção e integralização do cuidado.
Contudo, as práticas atuais relacionadas à saúde primária estão sendo repensadas em função de que o contato entre os profissionais de saúde e quem utiliza desses serviços, tem que acontecer necessariamente dentro de uma dimensão dialógica. Em que aspectos internos e externos da vida do sujeito sejam considerados na abordagem clínica.

2 comentários:

  1. Muito bacana garotas! Adorei pensando refletindo e delirando. Questões interessantes demais. Acho que existe nesse texto uma discussão implícita que diz respeito a própria noção de saúde...

    Vamos conversando...

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  2. Fica claro, não apenas no relato do caso de D.Violeta (Ayres, 2004), mas ao longo de todo o aprendizado de Gestão e Cuidado a importância da subjetividade, não apenas no acolhimento inicial do sujeito, mas durante todo o seu atendimento.
    Uma observação considerável feita pelo grupo foi a da automatização do processo de acolhimento e tratamento, que engloba a saúde de um sujeito. Há um distanciamento, uma barreira quase palpável entre o conhecimento técnico [do profissional] e o conhecimento de si [do sujeito], extremamente relevante e quase intangível para os médicos (e psicólogos). Não devido a "não querer" mas a "não poder." Foi socialmente imposto que o conhecimento de si mesmo vai ao chão diante do conhecimento científico do outro.
    Todo o processo de diagnóstico engloba uma subjetividade de suma importância para ambos os lados, em vista que o processo subjetivo não engloba apenas a maneira como uma patologia surgiu e se desenvolveu, por exemplo, mas como irá progredir, como o indivíduo irá proceder diante dela e dos tratamentos necessários. O processo de subjetividade e os conhecimentos teóricos adquiridos trabalhando juntos e em sincronia.

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