domingo, 17 de abril de 2011

O Cuidado e as práticas de Saúde


A contemporaneidade trouxe várias contribuições para o avanço científico e tecnológico, principalmente na área da saúde com o aprimoramento de profissionais, que utilizam das técnicas para o bem estar do humano. Mas é preciso pensar a forma que estas estão sendo colocadas em prática, uma vez que o profissional vai lidar com um indivíduo não apenas no campo biológico, mas também aspectos psicológicos, e sociais, pois o cuidado implica olhar o sujeito na sua totalidade. Com a tecnologia e a visão especialista perde-se o cuidado com o humano. Como conseqüência o profissional da saúde tem encontrado limitações para atender as necessidades do indivíduo, encontrando dificuldades em sua prática.
            Como uma forma de repensar as práticas de saúde tem surgido propostas para a sua reconstrução como, trabalhos que visam à integridade do sujeito, a promoção à saúde, a humanização e a vigilância a saúde.
“Uma tal reconstrução necessita, para sua realização, de esforços coletivos e pragmáticos, entendidos nos termos habermasianos de um processo público de interação entre diversas pretensões, exigências e condições de validade das diversas preposições e interesses de disputa”. (AYRES, 2004, p.18)

            Para tanto, é necessário que o profissional vá além da doença que esta sendo apresentada, e passe a integrar o indivíduo em vários contextos que se encontram, é preciso deixar essa visão técnica, comportamento mecanicista para que tenha uma visão mais ampla do sujeito que esta sendo colocado ali. Como Ayres (2004) relata no caso de D’Violeta, vários profissionais têm agido da mesma maneira, seguindo sempre a mesma prescrição, atender o paciente, entender os sintomas e prescrever uma receita, sem ter um diálogo mais amplo, procurando entender outros aspectos da sua vida, pois muitas vezes a causa da doença pode ir muito mais além do sintoma que esta sendo exposto. As relações que tem sido estabelecida têm gerado não apenas a insatisfação do paciente que sempre têm reclamado dos atendimentos, mas também dos profissionais que tem se deparado com várias críticas.
            O autor expõe a importância da interação entre paciente e médico, como ocorreu no caso da D’Violeta, em que o médico deixou de exercer um papel mecanicista que ele criará cotidianamente, passando a olhar não apenas a saúde, mas as dificuldades que D’Violeta enfretará em sua vida. Desta forma ele buscou a totalidade existencial estabelecendo uma relação terapêutica e de cuidado com a paciente. Essa relação o autor destaca ser o projeto de felicidade, que seria o que as pessoas querem e acham que deveria ser a saúde e a atenção a saúde, que muitas vezes o profissional não tem dado tanta importância. O autor não deixa de considerar a importância da técnica, mas que esta não seja a única sabedoria utilizada pelo profisisonal, fazendo com que o cuidado não seja reduzido a uma dimensão técnica.
            Pensar em cuidado não é apenas levar em consideração a doença, mas também pensar em como o paciente esta sendo acolhido e a escuta que esta sendo estabelecida. Como Ayres (2004) afima, “A esta capacidade de ascultura e diálogo tem sido relacionado um dispositivo tecnológico de destacada relevância nas propostas de humanização da saúde; o acolhimento”.
            Pois a partir da escuta é que acontecerá um efetivo acolhimento do paciente, entendo não como uma recepção, mas uma forma de entender o que se passa com o paciente, estabelecendo uma interação, ampliando a relação paciente e médica.
            Sendo assim, pensando nas práticas de cuidado faz com que necessariamente analizemos como os centros de saúde têm trabalhado em conjunto para o bem estar do paciente, dando a devida importância às questões que são fundamentais para a solução de problemas, não se atendo à apenas saberes técnicos, desprezando outros fatores da vida do indivíduo.


                                                                                                              Karine Cabral Félix

Um comentário:

  1. O texto apresenta muito bem uma referência ao mecanicismo, levando-nos a refletir acerca do atendimento no campo da saúde em dias atuais. Parece-nos ter sido abandonado o conhecimento das patologias psicossomáticas, deixando ambos cuidados (do corpo e da mente) trabalhando individualmente sobre um paciente, cada um se sobressaindo ao outro. A grande questão, é que, ao invés de se mostrarem melhores em sua individualidade, tornam-se quase reducionistas, levado o indivíduo a tratamentos incompletos, por vezes com menor eficácia e submetendo-se a subtrair para não somar.
    O campo da saúde encontra um grande desafio em sua evolução, que não diz respeito à evolução de suas máquinas mas ao reconhecimento de que a mente afeta o corpo e o corpo afeta a mente, para assim, humanizar o cuidado.

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