quinta-feira, 14 de abril de 2011

PENSANDO, REFLETINDO, DELIRANDO ENTRE OUTROS...

A principio para discutirmos a questão da humanização da atenção à saúde, trazida Ayres, 2004, e fazermos alguns apontamentos, julgamos interessante que se entenda melhor o que estamos considerando ser esta proposta. A humanização está em pauta desde a XI Conferência Nacional de Saúde, CNS (2000), que tinha como título “Acesso, qualidade e humanização na atenção à saúde com controle social”. Nesta perspectiva acompanham-se inúmeras discussões acerca do tema, algumas bastante calorosas, outras nem tanto e algumas bastante empobrecidas. Sendo assim é bom que fique claro que na presente discussão, a humanização à saúde está de acordo com o comentário de Gastão Wagner de Sousa Campos, 2005, acerca de um artigo de Regina Benevides e Eduardo Passos, 2005. Assim temos que:
A humanização depende ainda de mudanças das pessoas, da ênfase em valores ligados à defesa da vida, na possibilidade de ampliação do grau de desalienação e de transformar o trabalho em processo criativo e prazeroso. A reforma da atenção no sentido de facilitar a construção de vínculos entre equipes e usuários, bem como no de explicitar com clareza a responsabilidade sanitária são instrumentos poderosos para mudança. Na realidade, a construção de organizações que estimulem os operadores a considerar que lidam com outras pessoas durante todo o tempo, e que estas pessoas, como eles próprios, têm interesses e desejos com os quais se deve compor é um caminho forte para se construir um novo modo de convivência. (CAMPOS, 2005, p. 400).

Agora sim, vamos a um apontamento que gostaríamos de discutir, quando Campos,2005, diz: “...os operadores a considerar que lidam com outras pessoas durante todo o tempo, e que estas pessoas, como eles próprios, têm interesses e desejos...”, está assinalando o mesmo insight que Ayres, 2004, teve ao se questionar acerca do “conceito ontológico de cuidado (Sorge), de Heidegger, em suas relações com os modos de ser (do) humano”. E é este talvez o ponto auto das discussões acerca da atenção à saúde na contemporaneidade. Mas ainda assim sentimos que algo escapa a esta preocupação que é extremamente válida e necessária. O cuidado, a visão da humanização, da integralidade direcionada a saúde do operador de saúde.
 É importante considerar que a atenção primária à saúde também se faz com a ajuda dos profissionais, que também são humanos e também adoecem. Talvez esta seja uma lembrança simples ou insignificante para alguns, mas neste momento inquieta algumas cabeças pensantes. Quando no relato do texto de Ayres, 2004, ele diz: “Já era final de uma exaustiva manhã de atendimento no Setor de Atenção à Saúde de Adulto da unidade básica.”. De algum modo isto diz de uma sobrecarga de um cansaço. De profissionais que já estão prontos para descansar, mas ainda há muito trabalho a se fazer. Neste ponto esbarramos em um pequeno detalhe a subjetividade, a vida pessoal do profissional da atenção primária. Então por fim questionamos como está o cuidado, o zelo, a preocupação com a saúde de quem é convidado o tempo todo a se implicar e olhar de forma mais humanitária para a saúde de milhares de usuários com os quais se encontram no ritmo corrido do dia-a-dia? Conforme o texto de Ayres não há dúvidas de que a mudança de postura por parte do operador de saúde repercute positivamente na saúde do usuário. Mas será que se apertarmos um pouquinho nos moldes de gestão do serviço seria possível ampliar também, as noções de cuidado com o profissional da atenção primária?  Fica a proposta de discussão e convite para compartilharem dos nossos devaneios...

3 comentários:

  1. Quando o grupo cita Wagner de Souza Campos, remete o leitor a um raciocínio sobre como "transformar o trabalho em um processo criativo e prazeroso" e levanta questões sobre a atenção do profissional à saúde "integrada", a saúde física e psicológica como um todo.
    Uma importante observação feita foi sobe _esta_ saúde _deste_ profissional, já que seque nos damos conta de que médicos, psicólogos e tantos profissionais da saúde estão tão sujeitos a doenças quanto seus próprios pacientes.
    Como tornar o conhecimento destas questões tão prazeroso quanto necessário? Seria uma opção ampliar, em suas formações, uma carga mais significativa de matérias que demonstrem e expliquem como lidar com isso? Considero uma opção, mas acima de tudo, é preciso externar a estes profissionais que cada caso pode surpreendê-los além do que mostra a teoria e que o conhecimento a partir de suas próprias experiências apresenta uma gama de opções para um resultado melhor de sua vida profissional e pessoal. Ao atentar para a própria saúde, saberão também, como realmente cuidar de seus pacientes.

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  2. Oi Tainara, também concordo com você quando diz: "Ao atentar para a própria saúde, saberão também, como realmente cuidar de seus pacientes". E aproveito para provocar e aprofundar a discussão... Que tal pensarmos também a saúde de nós, estudantes de graduação que tanto discutimos acerca de gestão e cuidado?
    Vamos nos falando...

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  3. Só para esclarecer, fui eu Mara quem está te chamando para conversar acerca desta outra questão Tainara. É que não estou conseguindo postar comentário com outro perfil a não ser o anônimo.

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