quarta-feira, 15 de junho de 2011

Gerenciamento da Essência Humana

No mundo do neoliberalismo, em que estamos inseridos, cada vez mais se preza pelo individualismo. A essência do eu tem sido perdida em função de uma lógica que é exterior ao individuo. “Com o desenvolvimento do capitalismo financeiro, o Ego de cada individuo tornou-se um capital [...]” (GAULEJAC, 2007, p. 177).
Uma organização é composta por recursos, de matérias primas, financeiros, tecnológicos e humanos. Este último, por sua vez, é o essencial para mover a organização, gerando todo o lucro de uma empresa. “O humano se torna o principal recurso da empresa, um fator essencial de seu desenvolvimento.” (GAULEJAC, 2007, p. 178). Desta forma, como todo recurso, ele também é gerenciado tanto dentro das organizações como fora dela.
Nesta lógica cada vez mais voltada para a produção e para o desenvolvimento pessoal, cada um torna-se responsável pelo gerenciamento da sua própria vida, desde bem pequenos. Ocupamos todo o nosso tempo livre com algo que poderá gerar algum tipo de lucro no futuro: aulas de bale, curso de música, cursinhos de idiomas, cursos técnicos, cursos de aperfeiçoamento, entre outros. Cada pessoa torna-se uma micro-empresa, gerenciando os seus recursos, suas habilidades, suas potencialidades, seu tempo para posteriormente servi ao mercado capitalista.

Não se tem nem tempo nem espaço para fazer uma alma para si. Voltado para o próprio umbigo sobre seu quanto-a-si-mesmo, o homem moderno é um narcisista, talvez sofredor, mas sem remorsos. (KRISTEVA apud GAULEJAC, 2007, p. 177).

 Isso é um reflexo de um mundo produtivista, que exige do individuo sempre mais, levando a uma auto-cobrança exagerada, que ao final quem irá usufruir/explorar desse capital humano será as organizações, que são as responsáveis por alimentar o sistema em que estamos inseridos (capitalismo).
"Deste modo, percebe-se que a partir desta lógica o eu sobressai ao coletivo. De modo a tentar a se adequar as regras implícitas ou explicitas deste sistema, o individuo passa a se acostumar com o salário cada vez mais baixo, se acostumar com a falta de segurança, com tempos cada vez maiores no transporte coletivo, ou seja, passam a acostuma-se com as condições pelas quais estamos submetidas. E ainda se culpa por essa desvalorização “do nós”, do trabalhador, do humano. Passando a ter uma naturalização e uma banalização dos problemas que permeiam a sociedade.

Elaine Cristina P. Tavares; Kenya Raphaela G. Januário e Michele de Cássia P. da Silva

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